sábado, 9 de maio de 2009

Rabiscos de Estudos



Imaginando que possamos trocar experiências entre as diferentes formas de “aprender” e de “ensinar” – em diversos outros espaços que não o acadêmico (das universidades) , mas também aonde o desejo nos leva; decidi postar aqui alguns fragmentos de anotações feitas por mim durante o grupo de estudos em Psicanálise e Linguistica, que acontece de 15 em 15 dias (às vezes semanalmente quando o tal desejo nos bate mais fortemente), na Escola Brasileira de Psicanálise Movimento Freudiano.
Esse grupo de estudos é coordenado pelas profa s Maria Claudia Maia (Psicanalista e doutora em Letras pela PUC/RJ) e Vanise Medeiros (doutora em Letras pela UERJ).
Durante o encontro, estávamos estudando o texto de Roman Jakobson: Dois aspectos da linguagem e dois tipos de afasia, in Linguistica e comunicação (Cultrix, SP, 2008), quando surgiu o questionamento sobre metáfora e metonímia e de como Jacques Lacan se apropria destes tropos para apoiar a teoria psicanalítica.
Sem querer se aprofundar, no momento, na questão psicanalítica, a profa Vanise fez o gráfico acima na lousa que foi copiado por mim, Daisy Melo.

domingo, 3 de maio de 2009








Como desenvolver a competência textual


No processo de ensino e de aprendizagem, tudo gira em torno do ensino: ensina-se Português, Matemática, Geografia, etc., mas pouco ou nada se fala de como se aprende. Até mesmo nas Faculdades de Educação, haja vista as disciplinas de Didática (em que se discutem técnicas e métodos que o professor deve usar para produzir um ensino eficaz), Prática de Ensino, Avaliação de Ensino. Em suma, tudo voltado para a transmissão do saber.
A ênfase não deve recair sobre o que os professores devem fazer para ensinar bem, mas sobre aquilo que os alunos devem fazer para aprender bem e como os professores podem ajudá-los. A escola de que precisamos é uma escola centrada no desenvolvimento de competências, de habilidades, na aprendizagem e no aluno - o ator, o protagonista de sua própria educação, de sua vida.Levar o aluno a aprender a aprender como se desenvolve a competência textual deve ser, pois, tarefa da escola, preocupação de um aluno de redação. É por essa razão que dedico neste manual GUIA DE PRODUÇÃO TEXTUAL um capítulo em que exponho minha convicção acerca de como se desenvolve a competência textual, que se realiza mediante a leitura inteligente, que decodifica o texto em sua forma, ultrapassando sua superfície e o interesse apenas por seu conteúdo. O "truque" a ser explicado é que tudo aponta para a imperiosa necessidade de aprendermos a escrever a partir do que lemos.

Fonte: www.pucrs.br/gpt/competencia.php

sexta-feira, 1 de maio de 2009



TESES INATISTAS E O ESTUDO
DE AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

O surgimento da modernização dos Estados Unidos da América,na segunda metade do século XX, a emergência das ciências cognitivas, fez, também surgir novas bases para a lingüística, que se firmava como ciência pelas mãos de Chomsky, que trabalhava a linguagem numa nova perspectiva, mais individual do que social, estruturada, natural e inata.

O inatismo atualmente é uma das teorias mais aceitas para se entender o universo do processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, um dos fatos notáveis a cerca da linguagem é a sua ‘criatividade’- a circunstância de aos cinco ou seis anos de idade as crianças serem capazes de produzir e entender um número indefinidamente grande de elocuções das quais não tinham tido prévio conhecimento Chomsky jogou por água abaixo as teses behavioristas para a aquisição e desenvolvimento da linguagem, a primeira no que se refere a imitação, argumentou que [...] “as crianças produzem muitas frases que jamais poderiam ter ouvido adultos produzirem” (Kaufman, 1996, p. 58), como é o caso das crianças americanas, que fazem uso das regras da formação dos verbos regulares no pretérito para os irregulares, falando taked ao invés de took, mesmo jamais nunca ter ouvido ninguém falar dessa maneira.

Em segundo lugar destrói o papel da prática ou imitação, “as crianças, que não consegui imitar, devido a prejuízo neurológico ou físico, ainda aprendem a entender a linguagem e a comunicar-se” (Kaufman,1996, p. 59).

E por fim, em terceiro lugar, a teoria do reforço positivo ou negativo, fica totalmente inutilizada, pois, “[...] já foi indicado que as crianças não parecem receber correções com muita freqüência” (Kaufman, 1996, p. 59), serve como exemplo, em alguns casos a não pronuncia do fonema /r/, como acontece na palavra Taperuaba, pronunciada: /t/ /a/ /p/e/ /r/ /u/ /a/ /b/ /a/, pelos adultos e, /t/ /a/ /p/ /e/ /u/ /a/ /b/ /a/ por algumas crianças. Mesmo recebendo o reforço para falar da forma convencional “[...] isso não parece ser muito eficaz em mudar o enunciado da criança, quando a forma correta está acima de seu conhecimento gramatical” (Kaufman,1996, p. 59).

Sendo assim Chomsky nos propõe uma metáfora para compararmos o processo inatista de aquisição da linguagem chamada metáfora da fechadura, explicada por Del Ré (2006, p. 20): [...] cada criança nasceria com uma fechadura, pronta para receber uma chave; cada chave acionaria a aquisição de uma língua diferente, daí todas nascerem com a mesma capacidade e poderem adquirir as mais diferentes línguas.

A mesma autora (2006, p. 20) nos propõe três perguntas que vamos tentar elucidá-las, ela invoca “Mas como isso acontece? Como esse conhecimento lingüístico emerge? Se existe então uma capacidade inata, como se chega a isso?”
Ora, Chomsky usa o conceito de gramática Universal, que tenta explicar a organização das línguas nos seus aspectos em comum “de acordo com essa proposta, a criança tem uma Gramática Universal (GU) inata que contém as regras de todas as línguas, e cabe a ela, criança, selecionar as regras que estão ativas na língua em que está adquirindo”. (Santos, 2002, p. 221).

Como a linguagem é algo biologicamente determinado, dentro de uma Gramática Universal, estrutura de todas as línguas, para os psicólogos Krech e Crutchfield (1980, p. 119-120): “Alguns pesquisadores sugeriram que, nos dois ou três primeiros meses de vida, os nenês, emitem todos os sons que a voz humana pode produzir, inclusive, os sons vibrantes do francês e os sons guturais do alemão. No início estão os sons universais!”. E ainda: “com exceção de cinco consoantes, a amplitude de vogais, ditongos e consoantes, anotadas no grupo de crianças surdas, incluem todos os sons da língua inglesa normal” (Heider, 1940, apud, Krech e Crutchfield, 1980, p. 120).

Porém, depois de alguns meses, no contato com os falantes nativos, as crianças começarão a descartar os sons inúteis para a sua língua materna, e assim do mesmo modo em que os bebes nascem biologicamente dotados de todos os fonemas que o ser humano pode produzir de forma universal, também possui, em sua mente as estruturas de organização da fala, impedindo que elas cometam erros absurdos, como, por exemplo, na formulação do enunciados.

Chomsky trata em seus trabalhos do conceito de (a) gramaticalidade, levando em conta a intuição, criatividade e competência inata do falante, isto é,possuímos um conhecimento a priore sobre o funcionamento lingüístico geral, esclarecido na palavra de Del Ré (2006, p. 20) “[...] faz parte de sua competência lingüística saber quais os princípios envolvidos na estruturação de sentenças de sua língua é o fato de até mesmo crianças não cometerem certas violações do tipo ‘* Casa ir não eu posso para (Eu não posso ir para casa)”.
A criança dotada da Gramática Universal, possuindo um certo nível de (a) gramaticalidade, é possível a ela gerar novas e infinitas sentenças, mesmo que nunca as tenha ouvido antes, através de sua intuição e habilidade, consegue desenvolver o artefato que sempre esteve latente em seu cérebro, chamado de linguagem, daí Chomsky dar o nome a esse processo de gramática Gerativa Transformacional.

Parece-nos até aqui, ser indiscutível todos esses conceitos, porém fica-nos a reflexão, que parte do preceito de que se tudo (no campo da linguagem) é herança biológica, a criança não pode ou não é compreendida como sujeito ativo do processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, Chomsky, infelizmente, não leva em conta o papel do conhecimento adquirido no aprendizado da língua pela criança (Del Ré, 2006).

Todavia, não podemos deixar de acentuar que definitivamente “a linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos é natural, isto é, os humanos nascem com uma aparelhagem física, anatômica, nervosa e cerebral que lhes permite expressarem-se pela palavra” (Chauí, 2001, p. 140).

Fonte: www.filologia.org.br